Ureaplasma urealyticum:

O Ureaplasma urealyticum é uma bactéria da família Mycoplasmataceae, caracterizada pela ausência de parede celular, o que a torna intrinsecamente resistente a antibióticos que atuam na síntese da parede, como os beta-lactâmicos. Por ser uma das menores bactérias conhecidas, requer meios de cultura enriquecidos com colesterol para seu crescimento. A presença de U. urealyticum é comum na flora genital de adultos sexualmente ativos, sendo considerada um comensal em até 80% das mulheres. No entanto, é potencialmente patogênica em casos de uretrite não gonocócica (UNG), cervicite, corioamnionite, complicações na gravidez e infecções neonatais. Sua transmissão ocorre principalmente por via sexual e vertical (mãe para filho) durante o parto (AUWAERTER, 2025).

O Ureaplasma urealyticum é uma bactéria da família Mycoplasmataceae, caracterizada pela ausência de parede celular, o que a torna intrinsecamente resistente a antibióticos que atuam na síntese da parede, como os beta-lactâmicos. Por ser uma das menores bactérias conhecidas, requer meios de cultura enriquecidos com colesterol para seu crescimento.

A presença de U. urealyticum é comum na flora genital de adultos sexualmente ativos, sendo considerada um comensal em até 80% das mulheres. No entanto, é potencialmente patogênica em casos de uretrite não gonocócica (UNG), cervicite, corioamnionite, complicações na gravidez e infecções neonatais. Sua transmissão ocorre principalmente por via sexual e vertical (mãe para filho) durante o parto (AUWAERTER, 2025).

Microbiologia

  • Bactéria Gram-negativa, da família Mycoplasmataceae.
  • Sem parede celular, resistente a antibióticos beta-lactâmicos.
  • Requer colesterol para crescimento.
  • Colonização genital comum em adultos sexualmente ativos.
  • Espécies relevantes:
    • Ureaplasma parvum: isolada com maior frequência, considerada comensal.
    • Ureaplasma urealyticum: espécie mais virulenta, especialmente associada à uretrite.

Características de Crescimento

  • Crescimento em meios específicos contendo colesterol, como o caldo de Mycoplasma.
  • Colônias de tamanho pontual quando cultivadas em ágar sangue.

Epidemiologia

  • Alta prevalência em adultos sexualmente ativos, especialmente em mulheres.
  • 80% das mulheres sexualmente ativas podem ser colonizadas sem sintomas.
  • Transmissão sexual e vertical são as principais vias.
  • Colonização neonatal em até 20% dos recém-nascidos expostos durante o parto.

Fatores de Risco

  • Atividade sexual desprotegida.
  • Gravidez e parto vaginal.
  • Imunossupressão.
  • Procedimentos ginecológicos invasivos.

Manifestações Clínicas

1. Uretrite Não Gonocócica (UNG)

  • Sintomas:
    • Secreção uretral clara ou mucopurulenta.
    • Disúria.
  • Diferenciação com outras causas de uretrite:
    • Mycoplasma genitalium.
    • Chlamydia trachomatis.
    • Neisseria gonorrhoeae (descartar com testes específicos).

2. Complicações na Gravidez

  • Corioamnionite e ruptura prematura de membranas.
  • Parto prematuro.
  • Infecção neonatal:
    • Pneumonia, meningite e sepse.

3. Infecções Neonatais

  • Pneumonia congênita.
  • Bacteremia e meningite.
  • Lesões pulmonares e broncodisplasia.

4. Outras Complicações

  • Doença Inflamatória Pélvica (DIP).
  • Endometrite pós-parto.
  • Pielonefrite em casos raros, especialmente após procedimentos instrumentais.

Diagnóstico

1. Cultura Bacteriana

  • Caldo Mycoplasma/10-B: necessário para crescimento.
  • Dificuldade de diagnóstico clínico, devido à colonização assintomática.

2. Testes Moleculares

  • PCR (Reação em Cadeia da Polimerase):
    • Alta sensibilidade e especificidade.
    • Útil para amostras de secreção uretral, endocervical e líquido amniótico.

3. Testes de Sensibilidade

  • Desafiador devido à ausência de parede celular.
  • Antibiograma específico para Mycoplasma spp..

Tratamento

O tratamento é indicado apenas na presença de sintomas clínicos ou complicações comprovadas.

1. Primeira Linha

  • Doxiciclina 100 mg VO 2x/dia por 7 dias.
  • Azitromicina 1 g VO em dose única.

2. Alternativas para Uretrite e DIP

  • Levofloxacino 500 mg VO 1x/dia por 7 dias.
  • Moxifloxacino 400 mg VO 1x/dia por 7 dias.

3. Tratamento Neonatal

  • Azitromicina ou Claritromicina.
  • Eritromicina: historicamente utilizada, mas associada a estenose hipertrófica do piloro em neonatos.

4. Infecções Graves (Meningite, Sepse)

  • Azitromicina IV ou Claritromicina IV.
  • Eritromicina IV em situações específicas.

5. Profilaxia em Gravidez

  • Em casos de corioamnionite ou ruptura prematura de membranas, o tratamento precoce pode reduzir a mortalidade neonatal.

Prevenção

  • Práticas sexuais seguras com uso de preservativos.
  • Triagem em gestantes com histórico de abortos ou partos prematuros.
  • Tratamento adequado de uretrites para evitar complicações.

Prognóstico

O prognóstico depende da precocidade do diagnóstico e tratamento adequado. Em gestantes e neonatos, a identificação precoce e a terapia correta podem reduzir a morbidade e mortalidade associadas.

Conclusão

O Ureaplasma urealyticum continua sendo um desafio diagnóstico devido à sua colonização assintomática e associação controversa com doenças geniturinárias e complicações obstétricas. O tratamento deve ser dirigido principalmente aos casos sintomáticos e complicados, com foco na prevenção de desfechos neonatais adversos.

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Referências

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