Estrutura Mínima para Garantir Segurança em Serviços de Oftalmologia com Alto Volume de Procedimentos

A oftalmologia é, sem dúvida, uma das especialidades médicas com maior produtividade ambulatorial e cirúrgica. Cirurgias de catarata, pterígio, vitrectomias, injeções intravítreas e exames complementares são realizados em larga escala, muitas vezes em ambiente de centro cirúrgico ambulatorial ou mesmo dentro do consultório. Garantir a segurança em serviços de oftalmologia é essencial para a saúde dos pacientes. Os serviços de oftalmologia devem seguir rigorosos padrões para minimizar riscos.

Contudo, a alta produtividade, quando não acompanhada de estrutura física, processual e humana adequada, pode ser um vetor de infecção cruzada e surtos silenciosos — com grande impacto para o paciente e para a reputação institucional.

Os serviços de oftalmologia, ao implementar protocolos adequados, asseguram que cada paciente receba o melhor cuidado possível, permitindo uma recuperação mais rápida e eficaz.

Este texto detalha a estrutura mínima recomendada para garantir segurança em serviços oftalmológicos com alta rotatividade, segundo as melhores práticas nacionais e internacionais.

1. Sala de procedimentos com ambiente controlado

A segurança em serviços de oftalmologia deve ser uma prioridade para todos os profissionais da área, assegurando práticas que previnam infecções e garantam a eficácia dos tratamentos. Em serviços de oftalmologia, é fundamental seguir normas de higiene e controle para evitar complicações.

Procedimentos invasivos, mesmo ambulatoriais (ex: injeção intravítrea), devem ocorrer em salas com:

  • Piso lavável, impermeável e de fácil limpeza;
  • Paredes e tetos lisos, sem fissuras ou mofo;
  • Ventilação adequada com controle de fluxo e exaustão;
  • Lavabo exclusivo com dispensadores de sabão líquido e papel-toalha.

A Anvisa orienta que injeções intravítreas sejam realizadas em ambiente limpo e controlado, ainda que não seja um centro cirúrgico formal. Isso reduz o risco de contaminação aérea e de contato.

2. Fluxo físico de pacientes e materiais

A separação entre áreas sujas e limpas deve ser clara. Evite circulação cruzada de:

  • Pacientes operados com pacientes em triagem;
  • Materiais estéreis com materiais usados;
  • Profissionais com equipamentos contaminados em áreas limpas.

A segurança nos serviços de oftalmologia não deve ser subestimada, pois impactos de falhas podem ser severos.

Implantar fluxos unidirecionais e sinalizações claras é essencial. E isso vale tanto para hospitais quanto para clínicas oftalmológicas privadas, onde serviços de oftalmologia são frequentemente realizados.

3. CME com capacidade para demanda oftalmológica

O reprocessamento de produtos para uso em oftalmologia exige atenção especial. São instrumentos delicados, de difícil limpeza e que demandam:

  • Lavagem com detergente enzimático;
  • Escovação meticulosa de lúmens e cavidades;
  • Uso de desinfecção de alto nível para materiais não autoclaváveis;
  • Esterilização terminal com validade controlada.

Serviços de alto volume não podem depender de lavagens manuais em pias de consultórios. É necessário um CME estruturado, supervisionado e integrado ao SCIH.

4. Espaço dedicado para diluição e preparo de medicamentos

Antibióticos, anestésicos, antissépticos e colírios devem ser diluídos em área própria, com bancada limpa, pia exclusiva, álcool 70%, capela de fluxo unidirecional (quando indicado), EPIs e controle de temperatura.
Improvisar esse preparo “no consultório” gera alto risco de contaminação dos insumos e dos pacientes.

5. Controle de insumos estéreis e descartáveis

Os serviços de oftalmologia devem garantir que cada etapa do processo seja realizada com total atenção à segurança e à higiene.

Frascos multidoses, campos cirúrgicos, seringas, luvas, pipetas e agulhas devem ser armazenados em ambientes limpos, com validade visível e rastreabilidade. O uso indiscriminado de insumos vencidos ou mal armazenados é uma porta de entrada para surtos.

6. Equipe treinada e em número suficiente

Alta produtividade exige dimensionamento adequado de pessoal. Técnicos, enfermeiros e médicos sobrecarregados tendem a pular etapas de segurança. Além disso, todos devem ser treinados em:

  • Higiene das mãos;
  • Paramentação adequada;
  • Antissepsia ocular;
  • Fluxo de descarte de resíduos;
  • Notificação de eventos adversos.

7. Monitoramento contínuo por SCIH

Serviços oftalmológicos, muitas vezes externos ao hospital, precisam ser auditados regularmente pelo SCIH, com observação direta, avaliação de indicadores, revisão de protocolos e suporte em treinamentos.

É necessário que todos os profissionais de serviços de oftalmologia estejam atualizados sobre as melhores práticas e protocolos de segurança.

Conclusão

Não existe alta produtividade com segurança sem estrutura. Serviços oftalmológicos que realizam centenas de procedimentos por semana precisam estar tecnicamente preparados, não apenas operacionalmente eficientes. A ausência de uma estrutura mínima expõe pacientes a riscos evitáveis e instituições a prejuízos legais e reputacionais. Portanto, investir em serviços de oftalmologia estruturados é uma prioridade.

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