Serratia spp.:

As bactérias do gênero Serratia pertencem à família Enterobacteriaceae, sendo classificadas como bacilos Gram-negativos aeróbicos facultativos. A espécie mais relevante clinicamente é a Serratia marcescens, que é a principal causadora de infecções humanas. Outras espécies, como S. liquefaciens, S. rubidaea e S. odorifera, são raras. A S. marcescens é caracterizada por sua capacidade de produzir um pigmento vermelho em meio de cultura, especialmente em ágar nutriente (AUWAERTER, 2025).

As bactérias do gênero Serratia pertencem à família Enterobacteriaceae, sendo classificadas como bacilos Gram-negativos aeróbicos facultativos. A espécie mais relevante clinicamente é a Serratia marcescens, que é a principal causadora de infecções humanas. Outras espécies, como S. liquefaciens, S. rubidaea e S. odorifera, são raras. A S. marcescens é caracterizada por sua capacidade de produzir um pigmento vermelho em meio de cultura, especialmente em ágar nutriente (AUWAERTER, 2025).

Essas bactérias são responsáveis por infecções nosocomiais graves, especialmente em pacientes imunocomprometidos, como aqueles com doença granulomatosa crônica (CGD), usuários de drogas intravenosas e pacientes com dispositivos invasivos. Além disso, surtos têm sido relatados em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN), especialmente relacionados a equipamentos contaminados ou produtos farmacêuticos preparados inadequadamente (AUWAERTER, 2025).

Microbiologia

  • Bacilo Gram-negativo, aeróbico facultativo.
  • Pertence à tribo Klebsiella da família Enterobacteriaceae.
  • Produção de pigmento vermelho (prodigiosina) em meios específicos.
  • Móvel, com presença de flagelos peritríquios.
  • Inerentemente resistente a ampicilina, macrolídeos e cefalosporinas de primeira geração (AUWAERTER, 2025).

Resistência Antimicrobiana

  • Muitas cepas apresentam resistência a cefalosporinas de terceira e quarta geração, bem como a carbapenêmicos, devido à produção de beta-lactamases de espectro estendido (ESBL) e metalo-beta-lactamases (VIM-2).
  • A resistência a fluoroquinolonas também tem sido relatada, especialmente em cepas hospitalares multirresistentes (AUWAERTER, 2025).

Epidemiologia

  • Causa comum de infecção hospitalar, colonizando frequentemente o trato respiratório e urinário.
  • Transmissão:
    • Mão a mão (contato direto).
    • Contaminação de equipamentos hospitalares e produtos farmacêuticos.
    • Uso de drogas injetáveis, especialmente em usuários crônicos.

Grupos de Risco

  • Pacientes com dispositivos invasivos (cateteres venosos, tubos de ventilação).
  • Imunocomprometidos (HIV, transplantados, usuários de corticoides).
  • Usuários de drogas intravenosas.
  • Neonatos em UTIN, especialmente em surtos nosocomiais (AUWAERTER, 2025).

Manifestações Clínicas

1. Bacteremia

  • Frequentemente associada ao uso de cateter venoso central.
  • Pode evoluir para sepse grave, especialmente em pacientes imunossuprimidos.

2. Infecção do Trato Urinário (ITU)

  • Relacionada ao uso de cateteres urinários.
  • Sintomas clássicos de cistite e pielonefrite, com potencial para bacteremia secundária.

3. Pneumonia Nosocomial

  • Associada à ventilação mecânica.
  • Grave e frequentemente multirresistente.
  • Acomete predominantemente pacientes idosos ou institucionalizados.

4. Endocardite

  • Rara, mas relatada em usuários de drogas intravenosas.
  • Válvulas cardíacas nativas e protéticas podem ser acometidas.

5. Osteomielite e Artrite Séptica

  • Relacionada a uso de drogas injetáveis ou infecções metastáticas.

6. Infecções Oculares

  • Conjuntivite e ceratite, especialmente associadas ao uso de lentes de contato contaminadas.

Diagnóstico

1. Cultura e Identificação

  • Hemocultura: positiva em casos de bacteremia.
  • Urocultura: indicada em suspeita de ITU.
  • Cultura de secreção respiratória: especialmente em pneumonia nosocomial.
  • Identificação por espectrometria de massa (MALDI-TOF) e testes de suscetibilidade.

2. Testes Moleculares

  • PCR para detecção de genes de resistência.
  • Testes específicos para beta-lactamases e carbapenemases.

Tratamento

1. Terapia Empírica Inicial

  • Cefepime 1-2 g IV a cada 8 horas.
  • Imipenem 0,5-1 g IV a cada 6 horas.
  • Ciprofloxacino 400 mg IV a cada 12 horas.
  • Amicacina 15 mg/kg IV 1x/dia, frequentemente combinada com beta-lactâmicos para sinergia.

2. Terapia Dirigida (Ajuste após Antibiograma)

  • Ceftazidima/avibactam ou Ceftolozane/tazobactam em cepas ESBL ou multirresistentes.
  • Meropenem ou Doripenem se sensíveis.

3. Duração do Tratamento

  • Bacteremia ou pneumonia grave: 7-14 dias.
  • Endocardite: até 6 semanas.
  • Osteomielite: 6-12 semanas com conversão para via oral após estabilização clínica.

Prevenção e Controle

  • Higiene rigorosa das mãos e uso de equipamentos de proteção individual (EPI).
  • Desinfecção e esterilização adequada de equipamentos hospitalares.
  • Troca regular de cateteres e sondas para reduzir risco de colonização.

Conclusão

A Serratia marcescens é um patógeno nosocomial oportunista, com alto potencial de resistência antimicrobiana e forte associação a infecções hospitalares graves. O manejo clínico deve ser baseado em testes de suscetibilidade, utilizando antibioticoterapia guiada e medidas rigorosas de prevenção e controle para evitar surtos nosocomiais.

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Referências

CRISTINA, M. L.; SARTINI, M.; SPAGNOLO, A. M. Serratia marcescens Infections in Neonatal Intensive Care Units (NICUs). International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 16, n. 4, 2019. DOI: 10.3390/ijerph16040256.

MARCELLINO, B. E.; SPALDING, C.; FITZGERALD, A. Common severe infections in chronic granulomatous disease. Clinical Infectious Diseases, v. 60, n. 8, p. 1176-1183, 2015. DOI: 10.1093/cid/civ120.

GUPTA, N.; HOCEVAR, S. N.; MOULTON-MEISSNER, H. A. Outbreak of Serratia marcescens bloodstream infections. Clinical Infectious Diseases, v. 59, n. 1, p. 1-8, 2014. DOI: 10.1093/cid/ciu099.

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