O Que Observar em uma Visita Técnica ao Centro Cirúrgico Oftalmológico: Guia Prático para o SCIH

O centro cirúrgico oftalmológico é um dos ambientes mais dinâmicos e, ao mesmo tempo, mais negligenciados nas rotinas do SCIH. Por serem procedimentos rápidos e, muitas vezes, com baixa taxa de complicações imediatas, muitos hospitais não priorizam a vigilância em oftalmologia.
Mas surtos de endoftalmite, casos de TASS (Síndrome Tóxica do Segmento Anterior) e infecções pós-operatórias graves mostram que esse é um ambiente crítico e que requer vigilância dedicada.

Neste guia prático, listamos os principais pontos que o enfermeiro ou médico do SCIH precisa observar durante uma visita técnica ao centro cirúrgico oftalmológico.

1. Ambientação e fluxo

Verifique:

  • Separação entre áreas limpas e contaminadas;
  • Ventilação adequada;
  • Controle de temperatura e umidade;
  • Presença de barreiras físicas e sinalizações;
  • Áreas exclusivas para paramentação e preparo medicamentoso.

Ambientes improvisados ou com acúmulo de equipamentos são comuns — e perigosos.

2. Preparo do paciente

Avalie se:

  • O paciente toma banho antes do procedimento;
  • Há orientação sobre não usar maquiagem ou cremes faciais;
  • A antissepsia é realizada com PVPI ou clorexidina em concentração e tempo adequados.

O banho e a limpeza da face fazem parte da prevenção de infecção e devem ser registrados.

3. Antissepsia ocular

A antissepsia deve incluir:

  • Lavagem com PVPI a 5% diretamente no fundo de saco conjuntival;
  • Aplicação por pelo menos 3 minutos;
  • Não uso de frascos compartilhados de antisséptico.

Verifique a técnica e se os tempos são respeitados entre os casos.

4. Uso de campos e insumos estéreis

Observe se os campos são:

  • Individuais;
  • Em quantidade adequada;
  • Manipulados com técnica asséptica;
  • Não reprocessados.

Reaproveitamento de campos ou canetas de marcador de córnea é prática comum — e absolutamente contraindicada.

5. Fluxo de medicamentos

Avalie onde e como são diluídos antibióticos, anestésicos e colírios. Frascos devem ser descartados após uso único ou em até 24h se multidose, com armazenamento controlado.

6. Monitoramento dos instrumentais

Certifique-se de que:

  • Instrumentais são reprocessados no CME;
  • Não há reuso indevido de cânulas de sucção;
  • O transporte ocorre em caixas fechadas e identificadas;
  • Há rastreabilidade entre procedimento e instrumental.

7. Limpeza concorrente e terminal

Verifique:

  • Frequência e técnica de limpeza entre pacientes;
  • Produtos utilizados;
  • Responsáveis pela limpeza terminal e protocolos aplicados.

8. Capacitação das equipes

Converse com profissionais e avalie:

  • Grau de conhecimento sobre antissepsia;
  • Uso de EPIs;
  • Fluxos de descarte;
  • Percepção de risco de infecção.

Conclusão

A visita técnica ao centro cirúrgico oftalmológico deve ser encarada como um momento estratégico dentro da rotina do SCIH. Não se trata apenas de cumprir protocolos ou checar conformidades mínimas, mas de enxergar — com precisão técnica — os pontos críticos que podem determinar a ocorrência (ou prevenção) de eventos adversos graves como TASS, endoftalmite ou outras complicações infecciosas.

A integração entre SCIH, CME, equipes médicas e assistenciais é essencial para garantir segurança ao paciente e qualidade ao serviço prestado. E isso exige conhecimento técnico, atualização contínua e capacidade de aplicar boas práticas mesmo nos contextos mais desafiadores.

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