Em resposta ao aumento do risco de leptospirose após enchentes recentes, a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul uniram forças para atualizar a nota técnica sobre quimioprofilaxia para esta doença infecciosa grave.
A leptospirose, uma doença causada pela bactéria Leptospira, é frequentemente transmitida por água ou solo contaminado pela urina de animais infectados. As situações de enchente aumentam substancialmente o risco de transmissão, tornando essencial a revisão e a atualização das diretrizes de profilaxia.
As diretrizes atualizadas, firmadas após uma análise criteriosa da literatura científica recente, incluindo estudos da Cochrane Systematic Reviews de 2024, recomendam fortemente contra o uso rotineiro de antimicrobianos para profilaxia. As evidências mostram que não há benefícios significativos em termos de redução de mortalidade, infecção ou soroconversão que justifiquem o uso generalizado desses medicamentos como medida de saúde pública.
No entanto, as diretrizes também reconhecem que há situações específicas de alto risco onde a quimioprofilaxia pode ser justificada. Profissionais de saúde e socorristas com exposição prolongada a águas de enchente, onde os equipamentos de proteção individual são insuficientes, podem considerar o uso profilático de doxiciclina ou azitromicina. A escolha do medicamento deve ser baseada em uma avaliação médica criteriosa do risco individual de exposição.