O moxifloxacino é um antibiótico da classe das fluoroquinolonas, amplamente utilizado no tratamento de diversas infecções bacterianas. Ele possui um amplo espectro de ação, incluindo atividade contra bactérias gram-positivas, gram-negativas e alguns anaeróbios. No entanto, seu uso deve ser cauteloso devido às advertências da FDA sobre possíveis efeitos adversos graves.
Indicações Clínicas
- Exacerbações agudas de bronquite crônica (AECB)
- Sinusite bacteriana aguda (SBA)
- Pneumonia adquirida na comunidade (PAC)
- Infecções complicadas da pele e tecidos moles
- Infecções intra-abdominais complicadas
- Conjuntivite bacteriana (uso oftálmico)
Alerta FDA: O uso do moxifloxacino para AECB e SBA deve ser evitado como terapia de rotina devido ao risco de efeitos adversos graves, incluindo tendinite, ruptura de tendão, neuropatia periférica e efeitos no sistema nervoso central.
Uso “Off-label”
- Tratamento da tuberculose multirresistente (MDR-TB e XDR-TB)
- Infecções por Mycobacterium avium-intracellulare (MAI)
- Terapia alternativa para meningite bacteriana em pacientes alérgicos à penicilina.
Formas e Administração
O moxifloxacino está disponível nas seguintes apresentações:
- Oral (comprimidos): 400 mg
- Intravenoso (IV): 400 mg/250ml
Doses Comuns para Adultos
- Infecções respiratórias: 400 mg VO/IV 1x ao dia.
- Meningite bacteriana: 400 mg VO/IV 1x ao dia.
- Tuberculose e infecções micobacterianas: 400 mg VO/IV 1x ao dia (doses mais altas de 600-800 mg podem ser consideradas em combinação com rifampicina).
- Meningite tuberculosa: 800 mg VO/IV 1x ao dia (monitoramento de intervalo QTc recomendado).
Ajuste de Dose em Insuficiência Renal
- eGFR >10 ml/min: Dose habitual.
- Hemodiálise, diálise peritoneal e hemofiltração: Dados insuficientes, mas a dose usual é provavelmente segura.
Mecanismo de Ação
O moxifloxacino atua inibindo as enzimas DNA girase e topoisomerase IV, impedindo a replicação e transcrição do DNA bacteriano. Isso leva à morte da bactéria e impede sua proliferação.
Espectro de Atividade Antimicrobiana
O moxifloxacino apresenta ampla atividade contra patógenos respiratórios e anaeróbios, incluindo:
- Streptococcus pneumoniae
- Staphylococcus aureus
- Staphylococcus epidermidis
- Haemophilus influenzae, Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli
- Salmonella spp., Shigella spp. (primeira linha)
- Legionella spp. (primeira linha para pneumonia atípica)
- Bacteroides fragilis (atividade melhor entre as fluoroquinolonas, mas há resistência crescente).
Farmacocinética e Farmacodinâmica
- Absorção: 90%, sem necessidade de ajuste com alimentos.
- Distribuição: Volume de distribuição de 2,7-3,5 L/kg, com boa penetração no sistema nervoso central (SNC).
- Metabolismo e Excreção: Metabolismo hepático, com eliminação renal mínima (não requer ajuste para insuficiência renal).
- Meia-vida: 13 horas.
Efeitos Adversos
Embora geralmente bem tolerado, o moxifloxacino pode causar efeitos adversos significativos:
- Náusea, diarreia
- Cefaleia, tontura
- Insônia, ansiedade.
Raros (potencialmente graves)
- Prolongamento do intervalo QTc (risco aumentado com antiarrítmicos classe Ia e III)
- Neuropatia periférica (aviso de caixa preta da FDA)
- Tendinite e ruptura de tendão (risco maior em idosos e usuários de corticosteroides)
- Colite por Clostridioides difficile (risco aumentado com uso prolongado).
Advertência FDA: O uso de fluoroquinolonas, incluindo o moxifloxacino, pode causar efeitos adversos irreversíveis e incapacitantes.
Interações Medicamentosas
- Antiácidos, sucralfato, ferro, zinco: Reduzem a absorção do moxifloxacino.
- Rifampicina: Reduz a concentração plasmática do moxifloxacino em até 31%, podendo necessitar ajuste de dose.
- Antiarrítmicos (classe Ia e III): Aumento do risco de prolongamento do QTc.
Comparação com Outras Fluoroquinolonas
- Moxifloxacino vs. Levofloxacino: O moxifloxacino tem melhor cobertura contra anaeróbios e S. pneumoniae, mas menor eficácia contra Pseudomonas aeruginosa.
- Moxifloxacino vs. Ciprofloxacino: O ciprofloxacino é preferido para infecções urinárias e Pseudomonas, enquanto o moxifloxacino é mais indicado para infecções respiratórias e intra-abdominais.
Gravidez e Amamentação
- Categoria C (FDA): Estudos em animais mostram risco de artropatia fetal.
- Não recomendado durante a amamentação: Potencial de toxicidade osteoarticular para o lactente.
Conclusão
O moxifloxacino é uma fluoroquinolona de amplo espectro, eficaz no tratamento de infecções respiratórias, intra-abdominais e oftálmicas. No entanto, devido ao risco de efeitos adversos graves, seu uso deve ser reservado para casos específicos onde alternativas seguras não estejam disponíveis.