Meropenem

O meropenem é uma das melhores opções para infecções graves, especialmente as causadas por organismos resistentes. Seu uso deve ser guiado por testes de suscetibilidade microbiológica e ajustado conforme a função renal do paciente. A administração prolongada pode ser benéfica em pacientes críticos.
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O meropenem é um antibiótico da classe dos carbapenêmicos, amplamente utilizado no tratamento de infecções graves causadas por bactérias Gram-negativas e anaeróbias. Sua excelente penetração tecidual e relativa segurança o tornam uma escolha comum em ambientes hospitalares. Este artigo apresenta um resumo detalhado sobre suas indicações, posologia, efeitos adversos e espectro de ação.

Indicações

A FDA aprova o uso de meropenem para:

  • Infecções intra-abdominais complicadas (E. coli, K. pneumoniae, P. aeruginosa, B. fragilis)
  • Meningite bacteriana (crianças ≥ 3 meses) (S. pneumoniae, H. influenzae, N. meningitidis)
  • Infecções complicadas da pele e tecidos moles (S. aureus MSSA, S. pyogenes, P. aeruginosa, E. coli)

Usos “off-label”:

  • Pneumonia hospitalar e associada à ventilação mecânica
  • Pancreatite necrosante
  • Infecções obstétricas e ginecológicas
  • Neutropenia febril
  • Sepse e bacteremia
  • Endocardite por Gram-negativos (P. aeruginosa)
  • Infecções por microrganismos produtores de β-lactamases de espectro estendido (ESBL)
  • Infecções multirresistentes por Gram-negativos

Formas Farmacêuticas e Posologia

O meropenem está disponível na forma injetável:

  • 500 mg e 1000 mg por frasco-ampola

Doses Usuais em Adultos

  • Infecções leves a moderadas: 500 mg de 6/6 horas ou 1 g IV a cada 8 horas
  • Infecções graves e SNC: 2 g IV a cada 8 horas
  • Pacientes obesos: 2 g IV a cada 8 horas (dados limitados)
  • Infusão prolongada (3-4 horas): Recomendada para otimizar parâmetros farmacocinéticos

Ajustes para insuficiência renal:

  • TFG 50-80 mL/min: Dose usual
  • TFG 26-50 mL/min: 1 g IV a cada 12 horas
  • TFG 10-25 mL/min: 500 mg IV a cada 12 horas
  • TFG < 10 mL/min: 500 mg IV a cada 24 horas
  • Hemodiálise: 0,5-1 g IV a cada 24 horas (dose após hemodiálise)

Doses Pediátricas

  • Neonatos:
    • Infecções não-SNC, MIC < 4 mcg/mL: 20 mg/kg IV a cada 8-12 horas
    • Infecções severas, meningite: 40 mg/kg IV a cada 8 horas
  • Crianças ≥ 3 meses:
    • Infecções gerais: 20 mg/kg IV a cada 8 horas (máx. 1 g/dose)
    • Meningite, fibrose cística: 40 mg/kg IV a cada 8 horas (máx. 2 g/dose)

Efeitos Adversos

Os efeitos adversos mais comuns incluem:

  • Frequentes: Náusea, vômito, diarreia
  • Ocasionalmente: Reações de hipersensibilidade, rash cutâneo, elevação de enzimas hepáticas
  • Raros, mas graves: Convulsões, colite por Clostridioides difficile, anafilaxia, trombocitopenia

Interações Medicamentosas

  • Probenecida: Aumenta níveis séricos de meropenem
  • Ácido valproico: Redução de ~72% das concentrações séricas, aumentando risco de convulsões
  • Evitar co-infusão com dextrose: Incompatível

Espectro de Ação e Resistência

O meropenem tem atividade contra diversas bactérias:

  • Gram-positivos: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus (MSSA), Enterococcus faecalis
  • Gram-negativos: E. coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp., Pseudomonas aeruginosa
  • Anaeróbios: Bacteroides fragilis, Prevotella spp.

Resistência:

  • Não ativo contra MRSA, Enterococcus faecium, Stenotrophomonas maltophilia
  • Resistência emergente por β-lactamases carbapenemases (KPC, NDM, VIM, OXA-48)
  • P. aeruginosa pode desenvolver resistência via mutações em OprD e bombas de efluxo

Considerações Clínicas

  • Escolha preferida para infecções por bactérias produtoras de ESBL
  • Evitar monoterapia em infecções graves por Pseudomonas resistentes
  • Monitoramento renal essencial para prevenir neurotoxicidade

Conclusão

O meropenem é uma das melhores opções para infecções graves, especialmente as causadas por organismos resistentes. Seu uso deve ser guiado por testes de suscetibilidade microbiológica e ajustado conforme a função renal do paciente. A administração prolongada pode ser benéfica em pacientes críticos.

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