Espécies de Corynebacterium:

As bactérias do gênero Corynebacterium são bacilos Gram-positivos pleomórficos, catalase-positivos e não móveis, amplamente distribuídas no ambiente e na microbiota humana. Embora a maioria das espécies seja comensal da pele e mucosas, algumas podem causar infecções oportunistas, principalmente em pacientes imunossuprimidos ou com dispositivos médicos.

As bactérias do gênero Corynebacterium são bacilos Gram-positivos pleomórficos, catalase-positivos e não móveis, amplamente distribuídas no ambiente e na microbiota humana. Embora a maioria das espécies seja comensal da pele e mucosas, algumas podem causar infecções oportunistas, principalmente em pacientes imunossuprimidos ou com dispositivos médicos.

O Corynebacterium diphtheriae é a espécie mais conhecida por causar difteria, uma infecção respiratória grave, mas outras espécies emergiram como patógenos nosocomiais, associadas a bacteremia, endocardite e infecções de dispositivos médicos.

Microbiologia

Características Gerais

  • Bacilos Gram-positivos irregulares (“em forma de clava”).
  • Aeróbios ou anaeróbios facultativos.
  • Não esporulados, não móveis.
  • Catalase-positivos e oxidase-negativos.
  • Podem formar biofilmes, aumentando a resistência a antibióticos.
  • Crescem em meios convencionais, mas algumas espécies necessitam de lípidos adicionais.

Principais Espécies e Infecções Associadas

EspécieInfecções Associadas
Corynebacterium diphtheriaeDifteria respiratória e cutânea
Corynebacterium jeikeiumBacteremia, endocardite, infecções de dispositivos médicos
Corynebacterium striatumPneumonia, endocardite, artrite séptica
Corynebacterium urealyticumInfecção urinária complicada, cistite encrustada
Corynebacterium amycolatumInfecções de pele, bacteremia
Corynebacterium pseudotuberculosisLinfadenite zoonótica
Corynebacterium ulceransInfecções respiratórias e cutâneas semelhantes à difteria

Fatores de Virulência

  • Toxina diftérica (C. diphtheriae, C. ulcerans, C. pseudotuberculosis).
  • Produção de biofilme, favorecendo infecções persistentes.
  • Resistência antimicrobiana crescente.

Epidemiologia

  • Corynebacterium spp. são frequentemente isolados de hemoculturas, mas geralmente representam contaminantes.
  • Infecções verdadeiras ocorrem em pacientes imunocomprometidos, hospitalizados ou com dispositivos médicos.
  • C. diphtheriae e C. ulcerans são causas de difteria em regiões com baixa cobertura vacinal.
  • C. jeikeium e C. striatum são frequentemente isolados de pacientes com câncer, transplantes e dispositivos intravasculares.

Manifestações Clínicas

1. Bacteremia e Endocardite

  • Endocardite infecciosa por Corynebacterium spp. ocorre principalmente em próteses valvares ou usuários de cateter venoso central.
  • C. jeikeium e C. striatum são as espécies mais frequentemente implicadas.
  • Alta mortalidade (>30%), mesmo com terapia antimicrobiana adequada.

2. Infecções do Trato Urinário

  • C. urealyticum causa cistite encrustada e pielonefrite, frequentemente em pacientes transplantados renais ou com cálculos urinários.
  • Forma depósitos de estruvita (fosfato de amônio e magnésio) → Diagnóstico por pH urinário alcalino e cultura de crescimento lento.

3. Infecções Pulmonares

  • C. striatum pode causar pneumonia nosocomial, especialmente em pacientes em ventilação mecânica.
  • Frequentemente multirresistente, necessitando vancomicina ou linezolida.

4. Infecções de Dispositivos Médicos

  • Infecções associadas a cateter venoso central, próteses ortopédicas e shunts ventriculares.
  • Muitas vezes requerem remoção do dispositivo para erradicação da infecção.

5. Infecções Cutâneas e de Partes Moles

  • C. amycolatum e C. striatum podem causar celulite e infecções de feridas cirúrgicas.
  • C. ulcerans pode causar úlceras necróticas, semelhantes à difteria cutânea.

Diagnóstico

1. Cultura e Identificação

  • Gram: Bacilos pleomórficos.
  • Cultivo:
    • Cresce em ágar sangue e ágar chocolate.
    • C. diphtheriae cresce em meio de Loeffler e ágar Tinsdale.
  • MALDI-TOF MS → Técnica rápida e precisa para identificação.

2. Testes de Toxinas

  • PCR para gene tox → Detecta presença do gene da toxina diftérica.
  • Teste de Elek → Identifica produção ativa da toxina (usado para C. diphtheriae).

3. Exames Complementares

  • Hemocultura positiva persistente → Avaliação para endocardite infecciosa.
  • Exame de urina → pH alcalino e cristais de estruvita sugerem infecção urinária por C. urealyticum.

Tratamento

1. Endocardite e Bacteremia

  • Primeira escolha: Vancomicina 15 mg/kg IV 12/12h (meta de 15-20 mcg/mL).
  • Alternativas:
    • Daptomicina 6-10 mg/kg IV/dia.
    • Linezolida 600 mg IV/VO 12/12h.
  • Duração:
    • 4-6 semanas para válvula nativa.
    • 6-8 semanas para válvula protética.

2. Infecções Urinárias (C. urealyticum)

  • Antibiótico baseado em cultura:
    • Vancomicina ou linezolida IV para casos graves.
    • Fluoroquinolonas podem ser eficazes se sensíveis.
  • Duração:
    • Pielonefrite e cistite complicada: 14-21 dias.

3. Infecções de Dispositivos Médicos

  • Remoção do dispositivo é frequentemente necessária.
  • Vancomicina IV por 2-4 semanas.

4. Infecções Cutâneas e Pulmonares

  • Antibióticos de escolha:
    • Vancomicina ou linezolida.
    • Piperacilina/tazobactam ou amoxicilina/clavulanato podem ser eficazes em casos menos graves.

Prevenção

  • Profilaxia antibiótica para manipulação de próteses e dispositivos em pacientes de risco.
  • Vacinação com DTP/Td para prevenir difteria por C. diphtheriae.
  • Higiene hospitalar rigorosa para evitar infecções nosocomiais por C. striatum e C. jeikeium.

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Conclusão

As infecções por Corynebacterium spp. variam de colonização assintomática a infecções graves, como endocardite e infecções associadas a dispositivos médicos. O diagnóstico preciso e o tratamento guiado por cultura são fundamentais para evitar resistência antimicrobiana. O uso racional de antibióticos e medidas preventivas hospitalares são essenciais para o controle dessas infecções.

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