Delafloxacino

O delafloxacino é uma fluoroquinolona promissora com amplo espectro de atividade, incluindo MRSA e Pseudomonas aeruginosa. Seu perfil farmacocinético permite administração tanto oral (não disponível no Brasil) quanto intravenosa. No entanto, seu uso deve ser cauteloso devido às advertências de segurança associadas às fluoroquinolonas.

O delafloxacino é um antibiótico da classe das fluoroquinolonas, aprovado pela FDA para o tratamento de infecções bacterianas agudas da pele e estruturas cutâneas. Seu amplo espectro de ação inclui atividade contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, incluindo Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA).

Indicações Clínicas

  • Infecções de pele e partes moles
  • Pneumonia adquirida na comunidade (agente alternativo)

Formas e Administração

O medicamento está disponível nas seguintes formulações:

  • Intravenoso (IV): 300 mg a cada 12 horas.
  • Oral: 450 mg a cada 12 horas (não disponível no Brasil)

A conversão da administração intravenosa para oral é possível sem necessidade de ajuste de dose, pois ambas as formas atingem níveis plasmáticos similares.

Ajuste de Dose em Insuficiência Renal

  • Taxa de filtração glomerular (eGFR) 30-89 ml/min: Dose padrão.
  • eGFR 15-29 ml/min: Redução da dose IV para 200 mg a cada 12 horas.
  • eGFR <15 ml/min: O uso não é recomendado devido à falta de dados.

Mecanismo de Ação

O delafloxacino age inibindo as enzimas DNA girase e topoisomerase IV, essenciais para a replicação e transcrição do DNA bacteriano. Essa inibição resulta na morte das bactérias suscetíveis.

Espectro de Atividade Antimicrobiana

O delafloxacino apresenta atividade contra diversas bactérias gram-positivas e gram-negativas, incluindo:

Gram-positivos:

  • Staphylococcus aureus (incluindo MRSA)
  • Staphylococcus haemolyticus
  • Streptococcus pneumoniae
  • Enterococcus faecalis

Gram-negativos:

  • Escherichia coli
  • Haemophilus influenzae
  • Klebsiella pneumoniae
  • Pseudomonas aeruginosa.

Estudos demonstram que o delafloxacino tem melhor atividade contra MRSA em ambientes ácidos, como abscessos, devido à sua estrutura química única.

Farmacocinética e Farmacodinâmica

  • Absorção: A biodisponibilidade oral é de aproximadamente 59%.
  • Distribuição: Alta penetração em tecidos, com um volume de distribuição de 30-48 L.
  • Metabolismo: Principalmente por glicuronidação, sem envolvimento significativo das enzimas CYP450.
  • Excreção: 65% pela urina e 28% pelas fezes.

Efeitos Adversos

Os efeitos colaterais do delafloxacino são consistentes com os de outras fluoroquinolonas, incluindo:

Comuns (≥2% dos pacientes)

  • Náusea, vômito, diarreia
  • Cefaleia
  • Elevação das transaminases hepáticas【19】.

Ocasionais

  • Alucinações, ansiedade, depressão (aviso de caixa preta da FDA)
  • Tendinite e ruptura do tendão (risco aumentado em idosos e pacientes em uso de corticosteroides)
  • Hipoglicemia e hiperglicemia.

Interações Medicamentosas

O delafloxacino não é significativamente metabolizado pelo sistema CYP450, reduzindo o risco de interações medicamentosas. No entanto, pode interagir com:

  • Antiácidos contendo alumínio ou magnésio: Reduzem a absorção do antibiótico.
  • Anticoagulantes (varfarina): Pode potencializar seus efeitos.

Gravidez e Amamentação

  • Dados insuficientes sobre segurança em gestantes.
  • Estudos em animais indicam risco de toxicidade fetal.
  • O uso durante a amamentação não é recomendado devido à excreção de leite materno.

Conclusão

O delafloxacino é uma fluoroquinolona promissora com amplo espectro de atividade, incluindo MRSA e Pseudomonas aeruginosa. Seu perfil farmacocinético permite administração tanto oral quanto intravenosa sem necessidade de ajuste de dose. No entanto, seu uso deve ser cauteloso devido às advertências de segurança associadas às fluoroquinolonas.

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