Ciprofloxacino

O ciprofloxacino continua sendo uma opção terapêutica importante, mas seu uso deve ser criterioso, priorizando-se outras alternativas mais seguras quando disponíveis. Devido aos riscos e resistências, a indicação deve ser feita com base em critérios clínicos bem definidos.
Ciprofloxacino InfectoCast

O ciprofloxacino é um antibiótico pertencente à classe das fluoroquinolonas, utilizado no tratamento de uma ampla variedade de infecções bacterianas. Sua eficácia é reconhecida em infecções do trato urinário, respiratórias, gastrointestinais e osteoarticulares, além de infecções oftalmológicas e otológicas. No entanto, seu uso tem sido restrito para algumas indicações devido aos alertas da FDA sobre efeitos adversos graves, incluindo tendinite, neuropatia periférica e eventos cardiovasculares.

Mecanismo de Ação

O ciprofloxacino atua inibindo as enzimas DNA girase e topoisomerase IV, essenciais para a replicação e reparo do DNA bacteriano. Essa ação impede a proliferação de bactérias suscetíveis, tornando-o eficaz contra diversos patógenos Gram-negativos e alguns Gram-positivos.

Indicações

O ciprofloxacino possui aprovação da FDA para as seguintes condições:

  • Infecções de pele e tecidos moles: indicado para celulites e abscessos causados por bactérias suscetíveis.
  • Infecções osteoarticulares: usado em osteomielite e artrite séptica.
  • Infecções intra-abdominais: recomendado, em associação ao metronidazol, para infecções comunitárias e biliares.
  • Infecções gastrointestinais: indicado para diarreia infecciosa e febre tifoide causada por Salmonella typhi.
  • Infecções do trato urinário: eficaz em pielonefrite e ITU complicadas, especialmente em pacientes pediátricos.
  • Prostatite bacteriana crônica: recomendado para infecções persistentes da próstata.
  • Antraz inalacional: usado na profilaxia e tratamento pós-exposição.
  • Peste: indicado para tratamento e profilaxia.

Além das indicações oficiais, o ciprofloxacino também é utilizado para:

Uso “Off-label”:

  • Doença da arranhadura do gato (Bartonella henselae);
  • Cancróide (Haemophilus ducreyi);
  • Cólera (Vibrio cholerae);
  • Infecções do pé diabético;
  • Endocardite bacteriana causada por microrganismos Gram-negativos;
  • Meningite em pacientes alérgicos a penicilinas.

Formulação disponível

  • Oral: comprimidos de 500 mg
  • Injetável: 200 mg/100 mL ou 400 mg/200 mL

Posologia

Adultos:

  • Oral: 250-750 mg a cada 12 horas
  • Injetável: 200-400 mg IV a cada 8-12 horas

Crianças:

  • Oral: 20-40 mg/kg/dia (a cada 12 horas)
  • Injetável: 20-30 mg/kg/dia (a cada 12 horas)

Efeitos Adversos

O ciprofloxacino apresenta várias advertências, principalmente relacionadas a efeitos adversos graves:

  • Tendinite e ruptura de tendões: risco aumentado em idosos, transplantados e pacientes em uso de corticosteroides.
  • Neuropatia periférica: pode causar danos nos nervos periféricos, levando a dor crônica e fraqueza muscular.
  • Efeitos no SNC: confusão, alucinações, ansiedade, depressão e até comportamento suicida.
  • Risco cardiovascular: prolongamento do intervalo QT e potencial para eventos arrítmicos.
  • Hipoglicemia e hiperglicemia: especialmente em pacientes diabéticos.

Resistência Bacteriana

O aumento da resistência bacteriana ao ciprofloxacino tem sido relatado globalmente, especialmente em infecções causadas por Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Neisseria gonorrhoeae. Devido a esses altos índices de resistência, o uso empírico deve ser baseado em dados locais de suscetibilidade.

Considerações Finais

O ciprofloxacino continua sendo uma opção terapêutica importante, mas seu uso deve ser criterioso, priorizando-se outras alternativas mais seguras quando disponíveis. Devido aos riscos e resistências, a indicação deve ser feita com base em critérios clínicos bem definidos.

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