A cefuroxima é uma cefalosporina de segunda geração amplamente utilizada no tratamento de infecções bacterianas de gravidade variável, abrangendo desde infecções urinárias até meningite bacteriana. Com formulações oral e parenteral, destaca-se pela sua versatilidade clínica e boa tolerabilidade. Apesar do surgimento de resistência bacteriana em algumas regiões, permanece como uma opção relevante no manejo de diversas infecções, incluindo pneumonia adquirida na comunidade.
Indicações Clínicas
- Infecções do trato urinário não complicadas (E. coli, K. pneumoniae)
- Infecções de pele e estruturas cutâneas não complicadas (S. aureus, S. pyogenes)
- Impetigo em pacientes pediátricos
- Infecções do trato respiratório superior (otite média aguda, sinusite maxilar aguda, exacerbação de bronquite crônica, faringite/tonsilite)
- Doença de Lyme precoce (eritema migratório)
- Pneumonia adquirida na comunidade (CAP)
- Sepse bacteriana (S. aureus, S. pneumoniae, E. coli, H. influenzae, Klebsiella spp.)
- Meningite bacteriana (S. pneumoniae, H. influenzae, N. meningitidis, S. aureus MSSA)
- Infecções ósseas e articulares (MSSA)
Forma de apresentação
- Cefuroxima Axetil (Oral):
- Comprimidos: 250 e 500 mg
- Suspensão oral: 125 mg/5ml
- Cefuroxima Sódica (Injetável):
- 750 mg ou 1,5 g por frasco-ampola
Posologia
- Dose usual: 750 mg IV a cada 8h
- Infecções graves: 1,5 g IV a cada 6-8h
- Profilaxia cirúrgica: 1,5 g IV dose única
- Dose usual: 250-500 mg VO 12/12h
ClCr (mL/min) | Oral | IV |
>50 | Dose usual | Dose usual |
10-30 | Dose usual a cada 24h | 750 mg a cada 12h |
<10 | Dose usual a cada 48h | 750 mg a cada 24h |
Hemodiálise | Dose usual pós-HD | 750 mg a cada 24h |
- Neonatos: 25-50 mg/kg/dose IV/IM a cada 12h
- 3 meses a 12 anos: 25-50 mg/kg/dose IV/IM a cada 8h (máx. 9 g/dia)
- Faringite/tonsilite: 10 mg/kg/dose VO 12/12h (máx. 250 mg/dose)
- Otite, sinusite, impetigo: 15 mg/kg/dose VO 12/12h (máx. 500 mg/dose)
- Maiores de 12 anos: doses equivalentes ao adulto.
Efeitos Adversos
- Flebite no local da infusão
- Diarreia
- Reações alérgicas (baixo risco de reação cruzada com penicilinas)
- Colite por Clostridioides difficile
- Eosinofilia
- Teste de Coombs positivo sem anemia
- Febre medicamentosa
- Convulsões (principalmente em insuficiência renal)
- Confusão e alucinações
- Neutropenia
- Trombocitopenia
- Hepatite
- Nefrite intersticial
- Anemia hemolítica
- Anafilaxia
Interações Medicamentosas
- Probenecida: aumenta os níveis séricos de cefuroxima por inibição da secreção tubular renal, porém sem necessidade de ajuste de dose.
Espectro de Ação
Abrange uma ampla variedade de patógenos:
Grupo Microbiano | Exemplos |
Gram-positivos | S. aureus (MSSA), Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes |
Gram-negativos | E. coli, Klebsiella pneumoniae, Haemophilus influenzae |
Anaeróbios | Peptostreptococcus spp. |
Outros | Borrelia burgdorferi (Doença de Lyme) |
Farmacocinética e Farmacodinâmica
- Absorção oral: 52% (aumenta com alimentos)
- Meia-vida: 1,5h
- Ligação proteica: 30-50%
- Pico sérico (Cmax):
- 100 mcg/mL (1,5 g IV)
- 4 mcg/mL (250 mg VO)
- Excreção: renal, sem metabolismo significativo
- Boa distribuição tecidual, com penetração moderada em meninges inflamadas.
Considerações Especiais
- Gravidez: Categoria B; segura.
- Amamentação: Compatível.
- Destaque clínico:
- Alternativa na Doença de Lyme precoce, com eficácia comparável à doxiciclina.
- Utilizada como segunda linha em faringites e SSTIs, com preferência para cefalosporinas de primeira geração nesses casos.
- Opção em CAP em combinação com macrolídeos.
Conclusão
A cefuroxima mantém papel importante no tratamento de diversas infecções bacterianas, tanto em ambiente ambulatorial quanto hospitalar. Sua versatilidade entre formas orais e parenterais, bom perfil de segurança e ampla gama de cobertura antimicrobiana a tornam uma opção confiável.