A ampicilina é um antibiótico beta-lactâmico amplamente utilizado para o tratamento de infecções causadas por bactérias Gram-positivas e algumas Gram-negativas. Este artigo apresenta um resumo das principais indicações, posologia, efeitos adversos e espectro de ação.
Indicações
A ampicilina é aprovada pela FDA para o tratamento das seguintes infecções:
- Faringite estreptocócica do grupo A
- Otite média (Haemophilus influenzae, cepas beta-lactamase negativas)
- Diverticulite (em combinação com metronidazol)
- Gonorreia (com probenecida, embora não recomendada devido à alta taxa de falha)
- Infecções entéricas (Proteus mirabilis, salmonelose, shigelose)
- Infecções do trato urinário (ITU)
- Bacteremia
- Endocardite
- Meningite
- Infecções do trato respiratório
- Sepse
Uso “off-label”:
- Meningite bacteriana comunitária (Listeria monocytogenes)
- Abscesso intra-abdominal (com gentamicina e metronidazol)
- Endocardite enterocócica (com gentamicina ou ceftriaxona)
- Infecções por enterococos
- Profilaxia de endocardite
Formas Farmacêuticas e Posologia
A ampicilina está disponível nas seguintes formas:
- Oral: cápsulas de 250 mg e 500 mg; suspensão oral de 125 mg/mL e 250 mg/mL
- Intravenosa (IV)/Intramuscular (IM): frascos de 125 mg, 250 mg, 500 mg, 1 g, 2 g e 10 g
Doses Usuais em Adultos
- Oral: 250-500 mg a cada 6 horas
- Parenteral: 1-2 g IV/IM a cada 4-6 horas
- Endocardite/meningite: 2 g IV a cada 4 horas
- Profilaxia de endocardite: 2 g IV ou IM, uma hora antes do procedimento dentário
Ajustes para insuficiência renal:
- Taxa de filtração glomerular (TFG) < 10 mL/min: 1-2 g IV a cada 8-12 horas
- Hemodiálise: 1-2 g IV a cada 8-12 horas, administrado após a diálise
Doses Pediátricas
- Neonatos: 25-50 mg/kg/dose IV
- Infecções leves a moderadas: 50-200 mg/kg/dia IV divididos a cada 6 horas
- Infecções graves: 300-400 mg/kg/dia IV divididos a cada 4-6 horas, com máximo de 12 g/dia
Efeitos Adversos
Os efeitos adversos mais comuns incluem:
- Distúrbios gastrointestinais (diarreia, náusea)
- Erupções cutâneas (mais frequentes em pacientes com mononucleose infecciosa)
- Reações de hipersensibilidade
- Neutropenia e trombocitopenia (raros)
- Convulsões (em doses elevadas ou insuficiência renal)
Interações Medicamentosas
- Alopurinol: Aumenta o risco de rash cutâneo
- Contraceptivos orais: Pode reduzir a eficácia dos anticoncepcionais hormonais
- Aminoglicosídeos: Efeito sinérgico contra enterococos
Espectro de Ação e Resistência
A ampicilina é eficaz contra diversos patógenos, incluindo:
- Streptococcus pneumoniae
- Neisseria meningitidis
- Listeria monocytogenes
- Haemophilus influenzae (beta-lactamase negativo)
- Enterococcus faecalis (quando combinada com aminoglicosídeos)
A resistência entre os bacilos Gram-negativos tem aumentado, especialmente entre E. coli e Klebsiella spp. devido à produção de beta-lactamases.
Conclusão
A ampicilina continua sendo uma opção eficaz para diversas infecções, especialmente em meningites e endocardites causadas por Listeria monocytogenes e Enterococcus faecalis. No entanto, devido à crescente resistência bacteriana, seu uso empírico para ITUs e infecções por Gram-negativos deve ser evitado sem testes de suscetibilidade.