Streptococcus pneumoniae:

O Streptococcus pneumoniae é um coco Gram-positivo aeróbico, em forma de diplococos lanceolados, encapsulado e com alto potencial patogênico, especialmente em infecções do trato respiratório. É a principal causa de doenças como pneumonia adquirida na comunidade (PAC), otite média aguda, sinusite bacteriana e meningite bacteriana. A transmissão ocorre por meio de gotículas respiratórias, sendo a colonização da nasofaringe comum em crianças e adultos saudáveis (AUWAERTER, 2025).

O Streptococcus pneumoniae é um coco Gram-positivo aeróbico, em forma de diplococos lanceolados, encapsulado e com alto potencial patogênico, especialmente em infecções do trato respiratório. É a principal causa de doenças como pneumonia adquirida na comunidade (PAC), otite média aguda, sinusite bacteriana e meningite bacteriana. A transmissão ocorre por meio de gotículas respiratórias, sendo a colonização da nasofaringe comum em crianças e adultos saudáveis (AUWAERTER, 2025).

Microbiologia

  • Cocos Gram-positivos em pares ou cadeias curtas.
  • Encapsulado, o que confere resistência à fagocitose.
  • Cresce em ágar sangue, apresentando hemólise alfa.
  • Teste de Quellung positivo para visualização da cápsula.
  • A resistência antimicrobiana está fortemente ligada a sorotipos específicos, sendo os mais resistentes os 19A, 19F e 24F (AUWAERTER, 2025).

Fatores de Virulência

  • Cápsula polissacarídica: proteção contra fagocitose.
  • Protease IgA: destrói anticorpos da mucosa.
  • Pneumolisina: citotoxina que destrói células epiteliais e imunológicas.

Epidemiologia

A colonização da nasofaringe é comum, especialmente em crianças, com taxas de 20-40%, enquanto em adultos varia de 5-10%. A transmissão ocorre por gotículas respiratórias ou contato direto com secreções infectadas.

Os grupos de maior risco incluem:

  • Crianças menores de 2 anos e idosos (>65 anos).
  • Pacientes imunocomprometidos (HIV/AIDS).
  • Indivíduos com comorbidades como diabetes, doenças pulmonares crônicas (DPOC) e alcoolismo.
  • Pacientes com esplenectomia ou doenças hematológicas (AUWAERTER, 2025).

Manifestações Clínicas

O S. pneumoniae é um agente etiológico importante em várias síndromes clínicas, incluindo:

1. Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC)

  • Sintomas:
    • Febre alta, calafrios.
    • Tosse produtiva com escarro purulento ou sanguinolento.
    • Dor torácica pleurítica.
    • Dispneia e taquipneia.
  • Achados radiológicos:
    • Infiltrado alveolar lobar ou segmentar.
    • Derrame pleural e consolidação.

2. Meningite Pneumocócica

  • Sintomas:
    • Febre alta, cefaleia intensa.
    • Rigidez de nuca e fotofobia.
    • Alteração do estado mental.
  • Exame do Líquor:
    • Pleocitose com predomínio de neutrófilos.
    • Hipoglicorraquia e hiperproteinorraquia.
    • Gram-positivo em coloração de Gram.

3. Otite Média Aguda e Sinusite Bacteriana

  • Otite:
    • Dor de ouvido, febre e otorreia.
  • Sinusite:
    • Congestão nasal, dor facial e secreção purulenta.

4. Bacteremia e Sepse

  • Frequentemente associada a pneumonia grave.
  • Endocardite pode ocorrer em casos raros.

5. Outras Infecções

  • Peritonite bacteriana espontânea.
  • Celulite e artrite séptica.
  • Endocardite e pericardite purulenta.

Diagnóstico

1. Cultura Bacteriana

  • Hemocultura e cultura de líquor: padrão-ouro para diagnóstico.
  • Cultura de escarro: em pacientes com pneumonia.

2. Testes Sorológicos e Moleculares

  • Teste de Antígeno Urinário:
    • Detecta o antígeno C-polissacarídeo.
    • Alta especificidade (98%) e sensibilidade (81%).
  • PCR:
    • Identificação rápida a partir de amostras clínicas.

3. Testes de Sensibilidade Antimicrobiana

  • Teste de difusão em ágar e métodos de diluição para determinar MIC (concentração inibitória mínima).
  • Resistência à penicilina e macrolídeos está em crescimento, especialmente em cepas de 19A e 19F.

Tratamento

O tratamento varia conforme a gravidade da infecção e o perfil de resistência da cepa.

1. Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC)

  • MSSA (sensível à penicilina):
    • Penicilina G 1-2 milhões UI IV a cada 6 horas.
    • Ceftriaxona 2 g IV 1x/dia.
  • MRSA (resistente):
    • Vancomicina 15 mg/kg IV a cada 12 horas.
    • Linezolida 600 mg IV a cada 12 horas.

2. Meningite

  • Vancomicina 20-25 mg/kg IV + Ceftriaxona 2 g IV a cada 12 horas.
  • Dexametasona 0,15 mg/kg IV a cada 6 horas por 2-4 dias.

3. Otite Média e Sinusite

  • Amoxicilina 500-1000 mg VO 3x/dia.
  • Amoxicilina/clavulanato 875/125 mg VO 2x/dia.

4. Profilaxia

  • Vacinação com PCV13, PCV15, PCV20 e PPSV23:
    • PCV15 ou PCV20 são recomendados para adultos com comorbidades ou idade ≥50 anos.
    • PPSV23 pode ser administrada um ano após a dose de PCV15 (ACIP, 2023).

Prevenção

  • Vacinação pneumocócica com conjugados polivalentes (PCV13, PCV15, PCV20).
  • Profilaxia antibiótica em imunocomprometidos e portadores de próteses valvares.
  • Higiene respiratória e medidas de isolamento em casos graves.

Conclusão

O Streptococcus pneumoniae continua sendo uma causa significativa de morbidade e mortalidade, especialmente em infecções respiratórias e meningites. O uso racional de antibióticos, aliado a estratégias de vacinação, é fundamental para controlar a disseminação e reduzir o impacto clínico dessa bactéria. A detecção precoce e o manejo adequado podem melhorar o prognóstico e reduzir as complicações graves.

🔍 Gostou do conteúdo? No app do InfectoCast você encontra protocolos, bulário, microbiologia, vacinação e muito mais em um só lugar.
👉 Clique aqui e conheça o app.

Referências

METLAY, J. P.; WATERER, G. W.; LONG, A. C. et al. Diagnosis and Treatment of Adults with Community-Acquired Pneumonia: An Official Clinical Practice Guideline of the American Thoracic Society and Infectious Diseases Society of America. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, v. 200, n. 7, p. e45-e67, 2019.

TUNKEL, A. R.; HARTMAN, B. J.; KAPLAN, S. L. et al. Practice Guidelines for the Management of Bacterial Meningitis. Clinical Infectious Diseases, v. 39, n. 9, p. 1267-84, 2004.

Posts Relacionados

Mutirões de Cirurgia Oftalmológica: o SCIH está acompanhando? Volume alto, estrutura precária e risco elevado.

Endoftalmite infecciosa: quando e como coletar amostras oculares para microbiologia

O Que Observar em uma Visita Técnica ao Centro Cirúrgico Oftalmológico: Guia Prático para o SCIH

Estrutura Mínima para Garantir Segurança em Serviços de Oftalmologia com Alto Volume de Procedimentos

Controle de Infecção em Ambulatórios Oftalmológicos: Onde Estão os Riscos Invisíveis?

SIREVA 2024

O Instituto Adolfo Lutz, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), divulgou os dados atualizados do Sistema Regional de Vacinas (SIREVA) para o ano de 2023, destacando o perfil microbiológico e sorotípico das cepas invasivas de Streptococcus pneumoniae circulantes no Brasil.