Aggregatibacter spp:

O gênero Aggregatibacter pertence à família Pasteurellaceae e compreende bactérias gram-negativas, de crescimento lento, que fazem parte da microbiota normal da orofaringe humana, sendo comumente encontradas em placas dentárias e gengivas. Algumas espécies também podem estar presentes na flora urogenital e gastrointestinal.

Actinobacillus actinomycetemcomitans

O gênero Aggregatibacter pertence à família Pasteurellaceae e compreende bactérias gram-negativas, de crescimento lento, que fazem parte da microbiota normal da orofaringe humana, sendo comumente encontradas em placas dentárias e gengivas. Algumas espécies também podem estar presentes na flora urogenital e gastrointestinal. Entre as principais espécies do gênero, destacam-se:

  • Aggregatibacter actinomycetemcomitans (anteriormente Actinobacillus actinomycetemcomitans), principal agente de endocardite infecciosa e associado a periodontites agressivas.
  • Aggregatibacter aphrophilus (antigamente Haemophilus aphrophilus), envolvido em endocardite e abscessos cerebrais.
  • Aggregatibacter paraphrophilus, menos comum, mas também causador de endocardite e abscessos cerebrais.
  • Aggregatibacter segnis e Aggregatibacter urae, espécies raramente associadas a infecções.

Microbiologia

  • Aggregatibacter spp. são cocos ou bacilos gram-negativos facultativos.
  • Podem crescer lentamente, necessitando de incubação prolongada (>7 dias).
  • Fazem parte do grupo HACEK, que inclui outras bactérias envolvidas em endocardites.
  • Quando isolados de abscessos, frequentemente estão associados a Actinomyces spp.
  • O diagnóstico pode ser facilitado pelo uso da tecnologia MALDI-TOF para identificação rápida.

Infecções Relacionadas

O gênero Aggregatibacter é o principal agente das endocardites causadas pelo grupo HACEK, responsável por cerca de 1-3% dos casos de endocardite infecciosa. As infecções geralmente ocorrem em pacientes com doença cardíaca prévia, como valvopatias reumáticas ou próteses valvares, especialmente após procedimentos odontológicos. A apresentação clínica tende a ser subaguda, com sintomas inespecíficos por semanas a meses.

Locais Comuns de Infecção

  • Cardíaco: endocardite infecciosa (mais comum em valva aórtica e mitral).
  • Sistema Nervoso Central: abscessos cerebrais (mais comuns com A. aphrophilus), meningite e abscesso epidural.
  • Cavidade Oral e ORL: infecções periodontais, infecções de cabeça e pescoço, endoftalmite.
  • Musculoesquelético: artrite séptica, osteomielite e abscessos de pele.
  • Renal e Pulmonar: pielonefrite e pneumonia (raros).

Diagnóstico

O diagnóstico é baseado em culturas de sangue e tecidos infectados, que podem demorar para crescer. O laboratório deve ser informado sobre a suspeita para que as culturas sejam mantidas por períodos prolongados. As hemoculturas são frequentemente positivas nos casos de endocardite.

Tratamento

Diferentemente de outros organismos do grupo HACEK, a produção de beta-lactamase não é comum no Aggregatibacter, tornando a ampicilina uma opção eficaz na maioria dos casos. A escolha do antimicrobiano deve ser guiada por testes de sensibilidade.

Antibióticos de Escolha

  • Ceftriaxona 2g IV a cada 24h (preferido pela conveniência e eficácia contra endocardite HACEK).
  • Ampicilina 2g IV a cada 4h (caso o isolado seja sensível).
  • Alternativa para alergia a beta-lactâmicos: Ciprofloxacino 500mg VO 2x/dia ou 400mg IV a cada 12h (pode ser substituído por levofloxacino ou moxifloxacino).

Duração do Tratamento

  • Endocardite em valva nativa: 4 semanas.
  • Endocardite em valva protética: 6 semanas.

Outras Infecções

O tratamento para infecções não cardíacas deve seguir a seleção de antibióticos recomendada para endocardite, ajustada conforme o local da infecção. Para abscessos e infecções periodontais, é comum a coinfecção com outras bactérias anaeróbicas, exigindo terapia combinada.

Prevenção

  • Seguir as diretrizes da American Heart Association (AHA) para profilaxia de endocardite em pacientes de alto risco antes de procedimentos odontológicos.
  • Melhorar a higiene oral e tratar doenças periodontais para reduzir o risco de infecção sistêmica.

Prognóstico e Seguimento

  • A taxa de mortalidade da endocardite por Aggregatibacter é de aproximadamente 18%, enquanto outros dados modernos sugerem uma mortalidade mais baixa (~4%).
  • Cerca de 25% dos pacientes com endocardite requerem cirurgia cardíaca.
  • O tratamento antimicrobiano é geralmente eficaz, resultando em bons desfechos clínicos.

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Referências Bibliográficas

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