Cefaclor

O cefaclor é uma cefalosporina de segunda geração administrada por via oral, amplamente utilizada no tratamento de infecções do trato respiratório, urinário e da pele. Ele apresenta uma absorção elevada e boa distribuição em tecidos, sendo uma alternativa para pacientes alérgicos à penicilina. No entanto, seu uso deve ser cauteloso devido ao risco de resistência bacteriana e reações adversas como doença do soro.
Cefaclor InfectoCast

O cefaclor é uma cefalosporina de segunda geração administrada por via oral, amplamente utilizada no tratamento de infecções do trato respiratório, urinário e da pele. Ele apresenta uma absorção elevada e boa distribuição em tecidos, sendo uma alternativa para pacientes alérgicos à penicilina. No entanto, seu uso deve ser cauteloso devido ao risco de resistência bacteriana e reações adversas como doença do soro. Este artigo detalha suas indicações, dosagem, espectro antimicrobiano e efeitos adversos.

Indicações

Indicações aprovadas pela FDA

O cefaclor é indicado para o tratamento de infecções causadas por microrganismos sensíveis, incluindo:

  • Otite média Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Staphylococcus spp. e Streptococcus pyogenes.
  • Infecções do trato respiratório inferior, incluindo pneumoniaS. pneumoniae, H. influenzae e Streptococcus spp. (não é a primeira escolha).
  • Faringite e amigdalite Streptococcus pyogenes (penicilina é o tratamento de escolha).
  • Cistite e pielonefriteEscherichia coli, Proteus mirabilis, Klebsiella spp. e estafilococos coagulase-negativos (não é a primeira escolha).
  • Infecções da pele e tecidos molesStaphylococcus aureus (MSSA) e Streptococcus pyogenes.

Usos “off-label”:

  • Exacerbações de bronquite crônica.
  • Alternativa para infecções urinárias em pacientes resistentes a fluoroquinolonas ou sulfametoxazol-trimetoprima.
  • Tratamento de faringite estreptocócica quando a amoxicilina não é tolerada.

Formas de Administração e Posologia

Formas farmacêuticas disponíveis

  • Comprimidos de liberação prolongada: 500 mg e 750 mg
  • Cápsulas: 250 mg, 500 mg.
  • Suspensão oral: 125 mg/5 mL, 250 mg/5 mL, 375 mg/5 mL.

Dosagem em adultos

  • Formulação padrão: 250-500 mg VO a cada 8 horas.
  • Liberação prolongada: 500 mg VO a cada 12 horas, com alimentos.

Ajustes na insuficiência renal

  • Taxa de filtração glomerular (TFG) 50-80 mL/min: Dose usual.
  • TFG 10-50 mL/min: Dose usual.
  • TFG <10 mL/min: Redução de 50% da dose.
  • Hemodiálise: Redução de 50% da dose, com suplemento de 250-500 mg após a diálise.

Dosagem pediátrica

  • Crianças >1 mês: 20-40 mg/kg/dia divididos a cada 8 horas (máximo de 2 g/dia).
  • Faringite (opção de duas doses diárias): 20 mg/kg/dia em duas doses (máximo de 2 g/dia).
  • Otite média (opção de duas doses diárias): 40 mg/kg/dia em duas doses (máximo de 2 g/dia).

Efeitos Adversos e Segurança

O cefaclor é geralmente bem tolerado, mas apresenta algumas reações adversas, sendo a mais notável a doença do soro.

Efeitos adversos comuns:

  • Gastrointestinais: Náusea e diarreia (2,6% dos casos).
  • Reações alérgicas: Rash cutâneo (1,5%).

Efeitos adversos menos comuns:

  • Doença do soro: Febre, artralgias e erupção cutânea (mais frequente na população pediátrica).
  • Colite por Clostridioides difficile.
  • Neutropenia e trombocitopenia.
  • Aumento de transaminases hepáticas.
  • Teste de Coombs positivo (sem hemólise).

Efeitos adversos raros e graves:

  • Anafilaxia.
  • Convulsões (especialmente em insuficiência renal).
  • Encefalopatia e confusão mental.

Interações Medicamentosas

  • Probenecida: Aumenta as concentrações séricas do cefaclor, potencializando efeitos adversos.
  • Varfarina: Pode aumentar o risco de sangramento.
  • Antiácidos: Reduzem a absorção do cefaclor, devendo ser evitados próximos à administração.

Espectro de Ação:

Patógenos sensíveis (1ª linha):

  • Gram-positivos: Streptococcus pyogenes, Peptostreptococcus spp.
  • Gram-negativos: Escherichia coli, Proteus mirabilis, Moraxella catarrhalis.

Patógenos com sensibilidade variável (2ª linha):

  • S. pneumoniae (resistência crescente).
  • H. influenzae (cepas produtoras de beta-lactamase são resistentes).
  • Klebsiella pneumoniae.

Patógenos com resistência frequente:

  • Estafilococos resistentes à meticilina (MRSA).
  • Pseudomonas aeruginosa.
  • Enterococcus spp.

Farmacologia e Considerações Especiais

  • Absorção: 93% absorvido por via oral.
  • Excreção: Principalmente renal, sem metabolismo hepático significativo.
  • Meia-vida: 0,8 hora.
  • Distribuição: Boa penetração em tecidos moles e ouvido médio, mas baixas concentrações em escarro.

Uso na gravidez e amamentação

  • Gravidez: Categoria B – geralmente seguro.
  • Amamentação: Excretado em pequenas quantidades no leite materno, compatível com o aleitamento.

Comentários adicionais

  • O cefaclor é amplamente utilizado em pediatria devido ao sabor agradável.
  • Não é a primeira escolha para pneumonia e infecções urinárias devido à resistência bacteriana crescente.
  • A doença do soro parece ser mais comum com o cefaclor do que com outras cefalosporinas.

Conclusão

O cefaclor continua sendo uma opção terapêutica eficaz para infecções respiratórias, otites e infecções de pele, especialmente em pediatria. No entanto, devido à resistência crescente e ao risco de reações adversas, seu uso deve ser reservado para casos específicos.

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