Piperacilina + tazobactam

A piperacilina + tazobactam é uma opção eficaz para infecções graves, mas deve ser usada com cautela em infecções por ESBL e em combinação com aminoglicosídeos para Pseudomonas
Piperacilina e Tazobactam - InfectoCast

A combinação de piperacilina com tazobactam é um antibiótico beta-lactâmico associado a um inibidor de beta-lactamase, amplamente utilizado no tratamento de infecções graves. Este artigo apresenta um resumo das principais indicações, posologia, efeitos adversos e espectro de ação.

Indicações

A piperacilina + tazobactam é aprovada pela FDA para:

  • Infecções ginecológicas (doença inflamatória pélvica, endometrite pós-parto)
  • Infecções intra-abdominais (peritonite, apendicite, colecistite)
  • Infecções de pele e tecidos moles (incluindo pé diabético)
  • Pneumonia adquirida na comunidade
  • Pneumonia nosocomial

Uso “off-label”:

  • Endocardite por Enterobacteriaceae e Pseudomonas spp. (geralmente em combinação com aminoglicosídeos)
  • Pneumonia aspirativa, abscesso pulmonar, empiema
  • Pneumonia associada à ventilação mecânica
  • Febre neutropênica
  • Bacteremia causada por Pseudomonas spp. ou infecção polimicrobiana
  • Terapia empírica para sepse (exceto meningite)

Formas Farmacêuticas e Posologia

A piperacilina + tazobactam está disponível na forma injetável:

  • 4,5 g (4 g de piperacilina + 0,5 g de tazobactam) por frasco-ampola
  • 2,25 g (2 g de piperacilina + 0,25 g de tazobactam) por frasco-ampola

Doses Usuais em Adultos

  • Infecções gerais: 3,375 g IV a cada 6 horas
  • Pneumonia nosocomial, febre neutropênica, pseudomonas ou infecções graves:
    • 4,5 g IV a cada 6 horas
  • Infusão estendida/contínua:
    • Infusão por 4 horas ao invés de 30 min para otimizar a cobertura contra organismos resistentes
    • Infusão contínua: dose de ataque de 4,5 g IV seguida de 18 g em 24 horas

Ajustes para insuficiência renal:

  • Hemodiálise: 2,25 g IV a cada 8 horas ou 4,5 g IV a cada 12 horas
  • Diálise peritoneal: 2,25 g IV a cada 8-12 horas
  • TFG 20-40 mL/min: 2,25 g IV a cada 6 horas
  • TFG < 20 mL/min: 2,25 g IV a cada 8 horas

Doses Pediátricas

  • Neonatos: 100 mg/kg/dose IV (baseado em piperacilina) com intervalos ajustados pela idade gestacional
  • Infantes e crianças: 100 mg/kg/dose IV a cada 6 horas (máximo 4000 mg por dose)
  • Crianças com fibrose cística: 100 mg/kg/dose IV a cada 4 horas

Efeitos Adversos

Os efeitos adversos mais comuns incluem:

  • Frequentes: Distúrbios gastrointestinais (náusea, diarreia), erupções cutâneas
  • Ocasionalmente: Febre, elevação de transaminases hepáticas, colite por Clostridioides difficile
  • Raros: Nefrotoxicidade, trombocitopenia, anemia hemolítica, reação anafilática

Interações Medicamentosas

  • Metotrexato: Aumento dos níveis séricos devido à competição pela excreção renal
  • Probenecida: Prolonga a meia-vida da piperacilina
  • Tetraciclinas: Possível antagonismo com penicilinas
  • Vecurônio: Prolonga o bloqueio neuromuscular

Espectro de Ação e Resistência

A piperacilina + tazobactam tem amplo espectro contra:

  • Gram-positivos: S. aureus (MSSA), estreptococos, Enterococcus faecalis
  • Gram-negativos: E. coli, Klebsiella spp., Pseudomonas aeruginosa
  • Anaeróbios: Bacteroides fragilis, Clostridium spp.

Resistência:

  • Organismos produtores de ESBLs podem apresentar falha clínica, apesar da susceptibilidade in vitro.
  • A resistência a Pseudomonas aeruginosa varia e deve ser monitorada por testes de suscetibilidade.

Conclusão

A piperacilina + tazobactam é uma opção eficaz para infecções graves, mas deve ser usada com cautela em infecções por ESBL e em combinação com aminoglicosídeos para Pseudomonas. A escolha de infusão estendida pode melhorar a eficácia contra organismos resistentes.

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